“Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” (Gálatas 5:14)
A identidade do verdadeiro cristão é confirmada através de suas ações, e essas vão muito além do interesse pessoal.
Apontar os personagens da história.
Evidenciar o significado de compaixão.
Revelar quem é próximo.
Segunda-Feira | Lucas 10:25 | Como herdar a vida eterna?
Terça-Feira | 1 João 4:20 | Como pode amar a Deus?
Quarta-Feira | Gálatas 5:14 | Como a ti mesmo.
Quinta-Feira | 1 João 3:14 | O amor traz vida.
Sexta-Feira | Romanos 12:10 | Amai-vos cordialmente.
Sábado | 1 Pedro 1:22 | Amai-vos ardentemente.
76 e 88
Ore para que os nossos olhos sejam abertos e nossas mãos livres para fazer o bem sempre.
Introdução
1- Interpretação da Parábola
2- O Diálogo
3- Análise dos Personagens
4- Compaixão
5- Quem é o Próximo
Conclusão
25- E eis que se levantou um certo doutor da Lei, tentando-O, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
26- E Ele lhe disse: Que está escrito na Lei? Como lês?
27- E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.
28- E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás.
29- Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo?
30- E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.
31- E, ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo.
32- E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo.
33- Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão;
34- E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu animal, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele;
35- E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar.
36- Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?
37- E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira.
No decorrer dessa revista, já entendemos que as parábolas são vinhetas atraentes que nos fazem pensar e nos ensinam a agir.
Veremos agora, através do estudo da parábola do Bom Samaritano, a aplicação do amor em sua essência e a apresentação de um herói improvável. Embora essa parábola nos seja tão familiar, por vezes não a enxergamos com sua grandiosidade, e nem tampouco vemos a perfeita ilustração do gesto de benevolência em contraste com o egoísmo.
Como destaca Snodgrass: “O Bom Samaritano não é uma história metafórica a respeito de uma outra realidade, a história fala de um samaritano compassivo e tem o objetivo de nos ensinar acerca do mandamento do amor”.
Trata-se de um relato que nunca envelhecerá ou se tornará sem efeito. A parábola representa o que é chamado de história-exemplo, um estilo não comumente usados por Jesus, mas sim nas parábolas rabínicas. Usando acontecimentos passíveis de realidade, tanto para o tempo quanto para o local, Jesus ensina sobre misericórdia e amor ao próximo.
Se trata de uma parábola relativamente longa, acompanhada de um diálogo entre Jesus e um doutor da Lei. O debate que se desenrola mostra-se importante para uma eficaz compreensão. Ele apresenta uma conotação teológica e divide-se em duas partes: na primeira, o doutro da Lei quer testar Jesus; já na segunda, o mesmo homem tenta se justificar.
Ser um “doutor da Lei” significava que aquele homem pertencia à uma categoria de mestres. Sua função era ocupar-se com a Lei mosaica, ele deveria interpretar a Lei e ajudar o povo a entendê-la e segui-la.
O texto diz: “Levantou-se certo doutor da Lei tentando-O”. O ato de se levantar para falar com Jesus era um ato de cortesia e saudação da época. Porém, após o ato de saudação, ele se dispõe a testar Jesus.
Consideremos que, tanto para aquele homem como para a maioria dos judeus, “seu próximo” era aquele que pertencesse ao povo da Aliança. Sua intenção real era suscitar dúvidas da conduta de Jesus em relação à Lei.
O Mestre conhecia a intenção daquele homem e redirecionou o diálogo para que o doutor se concentrasse no propósito da Lei. Jesus continua o diálogo com a parábola e, com sabedoria, impede uma acusação, e cria a oportunidade para instrução.
Considerando a importância de todos os personagens citados na narrativa e a sua progressão, necessário se faz uma análise individual de cada um deles.
Presume-se que era um viajante que percorria uma estrada de relativo movimento. Embora não haja uma descrição específica dele, há uma grande probabilidade que seja judeu, considerando o auditório judaico para o qual o Mestre falava.
Através de estudos podemos situar geograficamente o viajante, na estrada de Jerusalém e Jericó. Em um vale rochoso, a estrada não apresentava segurança e comumente era frequentada por ladrões e assaltantes.
Um servo da Lei que dizia abertamente ser consagrado a Deus, provavelmente voltando para casa. Naquela época, muitos sacerdotes moravam em Jericó e se dirigiam a Jerusalém para o serviço no templo.
Não era comum no Oriente Médio os integrantes das classes mais elevadas da época saíssem à pé para um trajeto estimado de 27 quilômetros no deserto. Outra informação que podemos pressupor ser quase certo, que o sacerdote estava a cavalo.
Então, o quadro que vislumbramos é de um sacerdote passando por uma estrada que, ao ver um homem ferido, afasta a sua cavalgadura e segue seu caminho.
Entretanto, os sacerdotes judeus eram obedientes a determinadas normas. Ele pode ter considerado a possibilidade de o ferido não ser judeu ou de já estar morto, o que traria para ele a possibilidade de contaminação (Números 19:11-22). Os textos rabínicos orientavam que se mantivesse uma distância de quatro côvados (cerca de 1,20m) de distância de um cadáver.
Servo no templo, adorador e conhecedor da Lei. O levita, era outro viajante a passar pela estrada. Por pertencer a uma classe social mais baixa que o sacerdote, podemos entender que ele estava à pé, o que não o impedia de prestar os primeiros socorros ao ferido.
Contudo, vemos que o levita, assim como o sacerdote, ao ver o homem não é tomado por misericórdia mas sim por um ímpeto de preocupação e autoproteção. Foi mais um que seguiu seu caminho sem se mobilizar com a necessidade do ferido.
O terceiro homem a aparecer na estrada é um samaritano. Os judeus, consideravam que os samaritanos tinham uma ancestralidade duvidosa e uma teologia imprópria. Os samaritanos aceitavam a Torá, mas rejeitavam o templo em Jerusalém, defendiam que o verdadeiro lugar de adoração ficava no monte Gerizim.
Não havia comunhão entre eles, ao contrário, era uma situação de total animosidade. Foi este homem que ajudou o necessitado.
O termo usado por Lucas para descrever o sentimento do samaritano foi “compaixão”, no grego “splanchnizomai”. Essa é uma palavra muito forte e que tem sua raiz na palavra “entranhas”, significando que aquele homem foi totalmente tomado por misericórdia pelo ferido.
A ação do bom samaritano e a expressão dessa misericórdia merece destaque em mais dois pontos. Os primeiros socorros, prestados de maneira rápida e eficaz, nos leva a crer que, sabiamente, este homem trazia em sua bagagem ataduras, azeite e vinho, o que facilitou sua ação.
O outro ponto foi o transporte. O piedoso homem cede o seu animal para o ferido e vai conduzindo-o até uma hospedaria. Durante a noite ele permanece ali administrando os cuidados devidos ao ferido, e também se preocupa em deixar alguém cuidando dele após sua saída.
O amor ao próximo é o alicerce do ministério de Jesus. A parábola nos mostra a postura de um homem compassivo e que tem por objetivo nos ensinar sobre o amor. Ela defende a vivência de relação que devemos ter com Deus, que consiste em “amar a Deus de todo o coração e ao próximo como a nós mesmos” (Lucas 10:27).
O amor ao próximo é um sentimento que caracteriza todos os salvos em Cristo. Não agimos com misericórdia para ganhar a salvação, ao contrário, porque já somos salvos em Cristo somos misericordiosos para com aqueles que precisam.
O amor que é ordenado por Deus é acompanhado de atitudes, como vimos na parábola. Podemos encontrar sua essência em Deus, que não somente teve íntima compaixão de um mundo perdido, mas a colocou em prática quando entregou Seu Filho em sacrifício (João 3:16).
Qualquer pessoa que necessite de ajuda, seja amigo, inimigo, família ou desconhecido.
Lockyer destaca o seguinte: “A parábola e o seu ensinamento em essência foram para mostrar que o mandamento divino de amarmos o nosso próximo como a nós mesmos é cumprido quando nos empenhamos constantemente em ajudar o necessitado, sem perguntar primeiro quem ele é, e qual é a posição dele em relação a nós. O samaritano provou ser verdadeiramente um próximo, porque esse sentimento revela-se através da misericórdia”.
Não há nenhuma definição limitada de quem é o próximo. Nossa misericórdia não pode ser condicionada à raça, credo, aparência, passado, parentesco, simpatia e nem nada parecido. Essa parábola não nos permite ficar de olhos fechados, ela nos desafia a sermos melhores; retira de nós as entraves e conceitos errôneos.
Vimos aqui que o amor verdadeiro é algo que você sente e faz, pois a oportunidade não aproveitada para fazer o bem, torna-se o mal (Tiago 4:13). Amar ao próximo como a nós mesmos, sem sobra de dúvidas é muito difícil, mas aos seguidores de Jesus nenhuma outra alternativa foi deixada.