“Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa maldade, e em cujo espírito não há engano.” (Salmos 32:2)
A humildade toca o coração de Deus e nos aproxima Dele, enquanto o orgulho cria em nós uma autosuficiência que nos afasta de Deus.
Destacar a transparência do coração e nossas orações.
Falar dos danos da falsa religiosidade.
Expor a justiça divina.
Segunda-Feira | Provérbios 3:5 | De todo o coração.
Terça-Feira | Salmos 62:8 | Derramai perante Ele.
Quarta-Feira | Filipenses 4:6-7 | Recompensa da dependência.
Quinta-Feira | Isaías 41:10 | Ele nos guarda.
Sexta-Feira | Mateus 6:33 | Primeiro o Reino de Deus.
Sábado | João 15:5 | Sem Ele nada podemos fazer.
4 e 20
Ore para que o Senhor possa sondar os nossos corações.
Introdução
1- Interpretação da Parábola
2- O fariseu
3- O publicano
4- Justificado
Conclusão
09- E disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros:
10- Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano.
11- O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano.
12- Jejuo duas vezes por semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo.
13- O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!
14- Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.
Entre as parábolas proferidas por Jesus, está a do “Fariseu e o Publicano”, talvez uma das mais conhecidas. Foi usada por Lutero, em pelo menos treze sermões diferentes.
O Mestre fala sobre as orações desses dois homens. Fica nítido a dependência e humildade diante de Deus, através de uma oração apropriada. Em contrapartida, vemos também um comportamento soberbo e arrogante, encorajado por uma meritrocracia religiosa.
Estamos diante de uma parábola narrativa, direta e simples; uma comparação de opostos.
Esta parábola nos remete a do “juiz iníquo”, ressaltando que não há nenhuma evidência de que foram proferidas seguidamente, porém elas se completam. A parábola do juiz evidencia a necessidade de uma oração perseverante, e a do publicano mostra que o que agrada a Deus é a oração feita com humildade, contrição e arrependimento.
Os judeus oram três vezes ao dia (às 9, 12 e 15 horas). Subir ao templo era uma prática comum (Atos 3:1). Talvez o ambiente referido nesta parábola seja o da oração das 15 horas, que era realizada simultaneamente com outras atividades do templo. Sendo esse o caso, estariam ali várias outras pessoas também.
Os fariseus eram bem vistos pela maioria dos judeus e até admirados por serem comprometidos com a obediência a Deus. Josefo os classifica como: “aqueles que procuravam viver em plena conformidade com a Torá”.
Profundamente orgulhosos de si mesmos, tinham o costume de se vangloriarem. Se colocavam em posição de “obedientes” a Deus e ao mesmo tempo mantinham uma atitude de desprezo aos que não eram como eles. Não atentando assim para o mandamento do amor ao próximo.
Em diversas vezes, os fariseus foram confrontados por Jesus a respeito de sua religiosidade hipócrita. O profeta Isaías condenou esse tipo de comportamento (Isaías 29:13), e é exatamente esse tipo de posicionamento condenado outrora pelo profeta que vemos sendo colocado em prática pelo fariseu desta parábola.
Tanto o fariseu como o publicano estavam no templo ao mesmo tempo e com um objetivo em comum: orar. Como Bailey bem descreve, “a oração na vida piedosa judaica incluía primeiramente a expressão de agradecimento/louvor a Deus por todos os Seus dons, e petições referentes às necessidades do adorador. Este fariseu não faz nenhuma dessas coisas. Ele não agradece a Deus por Suas dádivas, mas pelo contrário, se vangloria de sua justiça alcançada por seus próprios esforços”.
A maneira de orar daquele homem nos diz mais: de pé, olhando para o céu, falando sobre si e consigo mesmo, provavelmente posicionado em um lugar visível, mas não a ponto de se sentir misturado com as outras pessoas. Em sua oração, o fariseu parecia tentar mostrar para Deus o quanto ele mesmo era bom e que, ao mesmo tempo, privilegiado era Deus por ter alguém como ele. Seu roteiro de oração era basicamente se comparar com outras pessoas, sentindo-se acima delas e exibir seus feitos como cumpridor da Lei.
Publicanos eram cobradores de impostos desprezados por outros judeus, principalmente pelos fariseus, considerados traidores de sua prática e corruptos. Para os outros judeus, os publicanos representavam o pior, pois eles trabalhavam para o Império Romano que, na época, oprimia-os com cargas tributárias muito pesadas.
Em sua oração, o cobrador de impostos parece desnorteado e confuso. De pé, mantendo-se à distância dos demais, porque se via como indigno de estar ali, e sem elevar seus olhos, mostrava que se reconhecia como pecador diante de Deus.
O publicano batia no peito, o que era um sinal de extrema tristeza (Lucas 23:48), como quem enxergava sua degeneração espiritual e era tomado por arrependimento e contrição (Salmos 51:3).
Por isso, o clamor do publicano foi profundo, havia arrependimento, pedido de perdão, reconhecimento e desejo de mudança.
“Justificado significa ‘declarado justo’. É um termo legal que significa que se destruíram todas as evidências e não há registro algum de que já pecamos. Significa também que Deus não mantém mais um registro de nossos pecados (Salmos 32:1-4; Romanos 4:1-25). Em vez disso, Ele nos credita a justiça de Cristo (2 Coríntios 5:21).” {WIERSBE, 2020. Comentário Bíblico, p.206}.
A justificação divina não se mistura com a altivez humana. O homem só é verdadeiramente exaltado por Cristo, quando alcançado pela graça e convencido do seu caráter mal e de seu orgulho. Então, se humilha perante o Salvador e se torna Seu discípulo, toma a sua cruz e segue o Mestre. Somos justificados por meio do sacrifício expiatório de Cristo. Porém, existem pessoas que são confiadas em sua própria justiça, essas não aceitam o sacrifício de Cristo.
Tudo que o fariseu enumerava a respeito de suas qualidade e feitos não o justificava, simplesmente porque nenhum ato de justiça que não seja acompanhado de compaixão e amor são considerados por Deus.
O publicano, embora excluído pela maioria, teve sua oração aprovada por Cristo. O que o Mestre viu não foi um cobrador de impostos, mas um homem que se rasgou por inteiro e se expôs. Ele pedia por misericórdia e a encontrou.
A parábola em foco nos ensina muito sobre o Deus a quem oramos. Entendemos que justiça é uma característica da natureza de Deus. É compreendido através desta parábola que autocongratulação, relatos de gestos piedosos e críticas a outros não são assuntos apropriados para uma oração.
Que a cada dia nossas orações sejam permeadas de adoração, de humildes confissões de pecado, de arrependimento, de súplicas e, acima de tudo, de fé. Que nada abale nossa certeza que fomos alcançados por uma graça imensurável, que fomos comprados por um alto preço e que nosso Pai tem todo o controle em Suas mãos. Glória a Deus, que nos amou tanto!